quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Confusão

Me sinto tão pequena que não me encontro... Tão grande que não me alcanço...Tão perdida que não me acho...Tão livre que me tranco...Tão solta que me prendo...Tão esperta que me engano... Tão presa que me rendo... Tão calada que grito...Tão pra cima que caio...Tão calma que me irrito...Tão óbvia que me surpreendo...Tão fechada que me abro... Tão lúcida que enlouqueço... Tão prudente que me arrisco... Tão feliz que entristeço... Tão presente que me ausento... Tão flexa que erro o alvo...Tão confusa que compreendo que o que me sustenta não me basta!

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No momento não posso atender, pois quando o tempo fecha, saio de mim e esvazio-me. Não quero ocupar meu ser com dúvidas, angústias e nem dor. Finjo, então, que não estando aqui, não é comigo!
Sublimo a situação de tal maneira que ela deixa de existir... E se você me perguntar se está chovendo, a resposta será um categórico NÃO! Só se for lá fora!...
Volto mais tarde! Bip...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Voz do Silêncio



Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem.
Martha Medeiros